Ávidas por luz e ar, foi justamente nas copas das árvores que estas plantas conseguiram encontrar um lugar ao sol.
Sempre que se lê alguma coisa referente a orquídeas ou bromélias, é comum depararmos com o termo epífita. No entanto, nem todos sabem o que essa palavra significa realmente. Para explicar, mais uma vez recorremos ao grego em que epi equivale à expressão sobre algo ou em cima de algo, e fiton se entende genericamente para todo e qualquer vegetal. Ou seja, uma epífita é aquele que cresce em cima de outras plantas, geralmente nos ramos e troncos das árvores. Porém, vale lembrar que esse modo de vida, tão peculiar, não pode de forma alguma ser confundido com o parasitismo.
Pelo fato de sintetizarem seus próprios alimentos, as plantas epífitas são chamadas também de vegetais autótrofos. Em outras palavras, elas dependem de seus hospedeiros única e exclusivamente para se instalar. E o único lugar onde conseguem alcançar a tão desejada luz do sol são as copas das árvores. É que a Natureza, sabia como ela só, deu um jeito para que suas filhas pequenas e frágeis pudessem fugir da esmagadora sombra das florestas tropicais. Isso porque, nessas imensas matas, o epifitismo atinge seu apogeu com centenas de espécies das mais variadas famílias botânicas.
Para que possam dispensar o rico húmus do solo, estas plantas se alimentam do que acaba surgindo em forma de fragmentos, como poeira, detritos e sais minerais, dissolvidos das cascas das árvores pelas chuvas. Aliás, essa água escorre da copa diretamente para o chão, o que a torna um produto raro no novo habitat das epífitas. Sem falar que, em temporadas de seca, o sol e os ventos fortes desidratam os troncos e ramos das árvores.
Como na Natureza nada se perde e tudo se transforma, às plantas epífitas não sobrou outra alternativa senão a de se adaptar ao novo ambiente. E, para que isso fosse impossível, cada uma delas soube bem o que fazer para enfrentar a dura luta da sobrevivência. Algumas, como, por exemplo as bromélias, transformaram-se em pequenos tanques reservando a água das chuvas para viver da matéria orgânica dissolvida neste meio. Outras, como as orquídeas, conservam a água em seus próprios tecidos, folhas e principalmente nos pseudobulbos. Há ainda muitas espécies que se desidratam, ficando temporariamente com a aparência de plantas secas e enroladas.
Curiosamente, algumas famílias, além dos representantes que vivem diretamente no solo, abrigam também espécies epífitas. É o caso das Aráceas, Cactáceas, Piperáceas entre outras. Logo, o epifitismo não é nenhuma exclusividade das orquídeas e bromélias. Ainda mais por que, mesmo que de forma modesta, existem epífitas também nas florestas frias e temperadas. Contudo, o mais irônico, no caso de plantas tropicais, é que as epífitas tem uma vida semelhante a das xerófitas (xeros=seco) dos desertos. Ou seja, são plantas sedentas num universo onde a chuva é muito frequente.
Já os cogumelos, apesar de também crescerem nos troncos das árvores, principalmente nas zonas mais sombrias, não devem ser tratados como plantas epífitas. Eles são na verdade, vegetais saprófitos (sapro=podre), por que se desnvolvem nas partes mortas das árvores. No caso dos líquens, embora considerados uma perfeita associação de algas e fungos (cogumelos), quando crescem sobre outros vegetais levam o nome de placas epífitas. Neste tipo de combinação, a alga lhes garante uma posição autótrofa.
Uma outra planta conhecida por crescer sobre vegetais é a cúscuta ou cipó chumbo. Filamentosa e de colorido dourado, ela sim é parasita. E como não precisa se preocupar com seus alimentos, dispensa a clorofila, sobrevivendo dos líquidos vitais de seus hospedeiros. Mas isso não chega a causar uma guerra nas florestas, já que, para a felicidade dos vegetais explorados, as extravagâncias dos parasitas não são uma prática tão comum assim.
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